Se você gosta de ficção científica, te pergunto, já leu Ursula le Guin?

Pois ” A curva do Sonho” é uma boa porta de entrada ao universo dessa querida autora norteamericana.

Nele temos George Orr, um homem tímido e comum, que vive em um mundo distópico cheio de problemas, e descobre que seus sonhos podem literalmente se tornar realidade. A cada dia que acorda, a nova realidade sonhada se sobrepõe à anterior. Um poder incrível, certo? Bem, não para George. Ele tem medo, e faz uso de entorpecentes para evitar os sonhos. Está enlouquecendo aos poucos, e deseja se livrar desse fardo.

George quer ser curado, mas em seu caminho está o Dr Haber, um renomado e ambicioso psiquiatra que vê na habilidade de Orr uma chance de melhorar a sociedade em que vivem. E a cada tentativa de usar a habilidade do paciente, a realidade alterada resulta em consequências inimagináveis. Como pode um simples sonho levar ao caos intergaláctico?

Você já deve ter ouvido os ditados como “O inferno está cheio de boas intenções” ou “O fim justifica os meios”. Pois ambos representam bem a essência de “A curva do sonho”. Um livro curto, porém recheado de debates muito interessantes e eloquentes sobre a natureza arbitrária da realidade e sobre o perigo de “brincar de ser Deus”.

O debate moral/filosófico, sempre presente nos livros de Úrsula Le Guin, nos mostra como é grande a responsabilidade daquele que sonha uma sociedade melhor, e, ainda assim, o quão importante é continuar sonhando. Ainda no livro vemos questões economicas, sociais e ecológicas em pauta

Não foi uma leitura simples, mas a reflexão foi muito proveitosa . Segundo minhas pesquisas, esse livro é uma introdução à temas que serão explorados no livro “Os Despossuídos”, então aconselho vocês a ler “A curva do sonho” antes.

Cena do filme “A curva do Sonho”

Tem filme?

Sim, temos uma adaptação cinematográfica, de 1980, na qual Ursula se involveu diretamente. Os diretores do filme, considerados pioneiros em um estilo experimental / avant garde em televisão, trabalharam com ela em todas as pontas do processo criativo. Resultado : o filme alcançou recordes de audiência e foi considerado uma das 100 melhores obras audiovisuais de ficção científica . Foi, inclusive, indicado ao Hugo Awards.

Já a adaptação lançada em 2002, embora eu não tenha assistido, não posso recomendo, porque , segundo críticos, ela alterou bastante a linha original da história.

Gostaram? Já leram Ursula le Guin?

1 Comentário
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Marcos
3 anos atrás

Ótimo trabalho!
Após perder muito tempo na internet encontrei esse blog
que tinha o que tanto procurava.
Parabéns pelo texto e conteúdo, temos que ter mais
artigos deste tipo na internet.
Gostei muito.
Meu muito obrigado!!!

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