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O Imenso azul entre nós

Husseina e Hassana são irmãs que vivem incompletas. Gêmeas, foram separadas após um ataque a aldeia onde viviam, e forçadas, ainda crianças, a uma vida cativa, mesmo com a ilegalidade da escravidão declarada .

Conectadas pelo desejo do reencontro, as irmãs, em lados opostos de um imenso oceano azul, adaptam-se a culturas distintas. Husseina acaba no Brasil, vivenciando os anos após o fim da escravidão, e como a população negra e costumes continuavam subjugados; Hassana, na Costa do Ouro, vê de perto o fim do trafico, a pressão da colonização inglesa e do trabalho missionário.

As irmãs tornam-se pessoas tão diferentes do que uma vez foram que, mesmo desejando o reencontro, são tomadas pelo medo. Seria o vinculo peculiar das duas – os sonhos que compartilham – forte o suficiente para superar qualquer obstáculo, e atravessar um oceano?

Esse é um romance histórico jovem que entrega o que promete em muitos pontos. Didático em muitas questões, e reflexivo na medida certa.


A narrativa dual – acompanhamos os pontos de vista das duas irmãs – ajudam na dinâmica de uma história que é realista e difícil. A ambientação, que perpassa pelo Brasil e também pela Costa Oeste Africana , é muito bem feita e historicamente pertinente – a autora é original de Gana e vive no Senegal, o que a coloca como boa referencia de cosntrução dessa história que liga essa região ao Brasil. Por ser um livro voltado para o público mais jovem, ele discute temas complexos de forma leve, mas que, à primeira vista, não pareceu superficial. Eu nunca havia lido um livro que trata de temas conjugados à escravidão do ponto de vista de personagens na adolescência, e achei muito interessante.

Capa original e a alemã – o livro já foi traduzido para vários idiomas, visto a importância do tema

Enquanto a resiliência das personagens é um ponto forte, achei que o livro não entregou muito no quesito emoção. Talvez seja só uma questão de expectativas mesmo – com uma narrativa que trata de irmãs separadas, que lutam para que, um dia, possam se reencontrar, eu esperava um pouco mais de emoção, um trabalho maior nos sentimentos, especialmente no fim do livro. Confesso, fiquei um pouco desapontada quando isso não aconteceu.

No entanto, eu ainda acho que o livro tem muito valor e o recomendo. Digo que ele é uma boa porta de entrada para leitores jovens que buscam mais conteúdo histórico e entendimento social nas suas leituras.

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