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Prazer em queimar, Ray Bradbury

Se você ainda não conhece, deixa eu te contar : Fahrenheit 451 é uma distopia com temas desoladores : livros e fogueiras, censura e TV. Apesar de curto, não é um livro fácil – é cheio de simbolismo e um tanto desconectado – mas representa bem o período em que foi escrito, qual seja, um mundo onde a perseguição ideológica, a guerra nuclear e o medo do comunismo dominavam a psique social.

“Prazer em queimar” é uma coletânea de contos que dá contexto e enriquece muito o entendimento de quem já teve a oportunidade de ler Fahrenheit 451. Você consegue, nesses textos que precedem o clássico distópico, vislumbrar o processo criativo, o desenvolvimento da escrita e das ideias que formarão o livro.

Eu sou muito fã de Bradbury, mas não do Fahrenheit em si – ele não é meu favorito. Contudo, eu fui arrebatada por vários desses contos . São inúmeras referencias políticas, trechos incrivelmente poéticos, menções à literatura de suspense/terror clássica, e uma contemporaneidade que assusta.

E permeando entre as linhas de quase todos os contos estão os livros, sempre à beira da extinção pelo fogo. Um mundo sem conhecimento livre pode ser bem cruel. E, conforme a leitura avança, é estimulante (e até um pouco aterrador) pensar que Bradbury captou, lá nos anos 1950, o que muitos de nós estão sentindo nesse momento, com um governo que desfavorece o conhecimento e com a possível incidência de pesados impostos sobre os livros .

Fica aqui a minha indicação da semana, com sabor especial porque comemoramos, nessa semana, o centenário de Ray Bradbury. Se você gostou do que leu em Fahrenheit 451 , certamente gostará dos contos de Bradbury, e terá a oportunidade de ver novas nuances da história original nessa coletânea especial da Editora Biblioteca Azul. E, ainda por conta do centenário, outras coletâneas estão sendo lançadas, bem como uma nova edição especial do Fahrenheit 451 com nova arte, capa dura e corte colorido. Fiquem de olho e aproveitem !

Existem crimes piores do que queimar livros. Um deles é não estar lendo.

Ray Bradbury

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